(Porto Alegre, RS 1906 - Rio de Janeiro, RJ 1988)
Radamés Gnatalli nasceu no dia 27 de janeiro de 1906, em Porto Alegre, filho do Italiano Alessandro Gnatalli, que por gostar muito de música (era professor de piano e tocava bandolim e contrabaixo) deu aos filhos nomes dos personagens de Verdi (Radamés, Aída e Ernani). Aos seis anos de idade, iniciou seus estudos de piano com sua mãe, Adélia Fonseca Gnatalli, professora de piano.
Desde criança, Radamés fez-se notar por sua musicalidade, sendo, certa vez, premiado pelo Cônsul da Itália em uma festa, onde o menino de nove anos dirigiu uma orquestra infantil, com arranjos feitos por ele.
Ingressou no Conservatório aos 14 anos, aperfeiçoando-se com o professor Guilherme Fontainha, que mais tarde viria a ser diretor da Escola Nacional de Música, no Rio de Janeiro. Antes de receber o diploma, exibiu-se no Rio, em 1924, como pianista. De volta a Porto Alegre, Radamés prestou o exame final, encerrando o curso com brilhantismo. Ainda em 1924, concorreu ao Prêmio Araújo Viana e mereceu o grau máximo, pela primeira vez alcançado no Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul. Foi-lhe concedida, por esta ocasião, uma medalha de ouro.
A partir de 1931, Radamés Gnatalli dedicou-se afincadamente à composição. Foi regente da orquestra da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, autor de seis mil arranjos, sendo considerado o melhor arranjador de música popular no Brasil. Chegava a criar nove arranjos por dia para o programa "Um Milhão de Melodias". Em 1941 passou oito meses em Buenos Aires, contratado pela "Hora do Brasil", da Rádio Municipal, daquela capital.
Apesar do sucesso alcançado por suas composições "para concerto", Radamés constata, com amargura, que o reconhecimento, quando existente, é efêmero. Mas ele lida com o desconsolo, compondo para si mesmo, transferindo todos os seus conhecimentos de composição para seus arranjos de música popular brasileira, enquanto suas composições eruditas passam a ser executadas, com grande êxito, na Europa e nos Estados Unidos. Radamés faria também sua carreira internacional, excursionando pela Europa, tocando e regendo música brasileira erudita e popular.
De 1963 a 1967, o compositor trabalhou na TV Excelsior; a partir de então e até 1986, quando caiu doente, foi arranjador e regente da TV Globo. Faleceu no dia 3 de fevereiro de 1988, no Rio de Janeiro, esquecido pelas antigas gerações e desconhecido das novas.
Radamés destacou-se pela temática nacionalista, recriada em um estilo pessoal onde se observam algumas influências de Debussy e do Jazz. Entre suas composições figuram as dez Brazilianas, quartetos e trios e 26 concertos - entre eles um um concerto para piano e orquestra, concertos para harpa e clarineta e um Concerto para Harmônica de Boca, dedicado a Eduardo Nadruz, o Edu da Gaita. Projetou-se também como exímio arranjador orquestral. Criou, entre outras, a música incidental da novela Roque Santeiro (1986).
Bibliografia:
Grande Enciclopédia Larousse Cultural
Vasco Mariz - Figuras da Música Brasileira Contemporânea
Universidade de Brasília, 1970, segunda edição.
Jornal O Estado de São Paulo - 24 de Novembro de 1985 ( Artigo assinado por Magda de Almeida)
Encarte do CD Arthur Moreira Lima e Amigos: texto de José Carlos Victorello
Renata
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